segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

VIRGÍNIA LANE, vedete, 93 anos

Uma das mais importantes vedetes do cinema e do teatro do Brasil, Virginia Lane morreu às 16h50m desta segunda-feira, no Hospital São Camilo, em Volta Redonda, no Sul Fluminense. Ela estava internada havia nove dias no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Segundo Marta Sampaio, única filha da ex-vedete, Virginia teve falência múltipla dos órgãos após sofrer de uma forte infecção urinária.
– Há cinco anos, minha mãe separou a roupa com que ela desejava ser enterrada: coroa, maiô, meia, strass e muitas plumas, ou seja, caracterizada de vedete. Ela já tinha dito que não queria flores no seu caixão e ninguém chorando no seu velório – disse Marta, que morava com a mãe na cidade de Piraí.
A família informou que o corpo de Virginia Lane deverá ser velado na Câmara Municipal de Piraí e depois levado para o Teatro João Caetano, no Centro do Rio. O enterro será no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. O prefeito de Pirai, Luiz Antônio Neves (PSB), decretou luto de três dias na cidade.
Virginia participaria da abertura oficial do carnaval do Rio de Janeiro, na Cinelândia, no próximo dia 28 de fevereiro, data em que completaria 94 anos.
Nascida Virginia Giaccone em 28 de fevereiro de 1920, ela começou cedo na carreira artística: aos 15, cantava no programa "Garota Bibelô", da rádio Mayrink Veiga, comandado por César Ladeira; aos 18, já atuava no cinema; aos 23, passou a integrar o elenco do Cassino da Urca, onde cantou e dançou à frente de orquestras como a de Carlos Machado e Benny Goodman.
A atribulada agenda artística não a impediu a seguir com os estudos. Interna do Colégio Regina Coeli dos seis aos 14 anos, passou pelo Instituto Lafayette, em Botafogo, e chegou a cursar o primeiro ano da faculdade de Direito.
O auge de sua carreira foi na década de 1950. Ao todo, participou de mais de 30 filmes como "Laranja da China", de Ruy Costa, e "Carnaval no Fogo", de Watson Macedo, além de contracernar com nomes como Oscarito, Grande Otelo e Zé Trindade.
Sua carreira também foi prolífica nas peças do teatro de revista. Virginia foi uma das artistas de maior prestígio durante o governo de Getúlio Vargas, de quem recebeu, em mãos, a faixa que acabou se tornando seu título: "Vedete do Brasil". Ela mesma afirmava que teve um caso com o então presidente durante uma década.
Já famosa como vedete do teatro de revista, Virginia Lane gravou em 1951, a marchinha "Sassaricando", de Luis Antônio.
Inspiração para a novela "Locomotivas", de 1977, a primeira a ser exibida a cores no horário das 19h na TV Globo, a ex-vedete integrou, em 2005, ao lado de outras ex-vedetes, o elenco da novela "Belíssima", da TV Globo. Ela voltou a aparecer em uma atração da emissora dois anos depois, em "Sete pecados".
Virginia foi casada duas vezes. Em 1970, com o segundo marido, passou a morar em um sítio em Piraí, no Rio de Janeiro, onde fixou residência para encurtar o caminho para São Paulo, onde gravava o programa "Show de calouros", de Silvio Santos, como jurada. Na cidade, a ex-vedete chegou a ocupar o cargo de Secretária de Turismo.
Em 2002, sofreu um acidente de carro que lhe obrigou a colocar pinos em suas pernas, outrora consideradas as mais bonitas do Brasil.
A ex-vedete recebeu a última homenagem em vida no dia 25 de janeiro deste ano, quando foi eleita a Imperatriz do Amazônia, em Belém, no Pará.

B I O G R A F I A:

Virgínia Lane, nome artístico de Virgínia Giaccone (Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1920Volta Redonda, 10 de fevereiro de 2014), foi uma atriz, cantora e vedete brasileira.

Nasceu no bairro do Estácio, zona norte do Rio de Janeiro. Em 1935, começou sua carreira como cantora no programa Garota Bibelô, na rádio Mayrink Veiga, de César Ladeira. Sua estreia no elenco do Cassino da Urca se deu em 1943, quando atuou como cantora e dançarina à frente das orquestras de Carlos Machado, Tommy Dorsey e Benny Goodman.
Seu primeiro disco pela Continental foi lançado, em 1946, com a marcha Maria Rosa, de Oscar Bellandi e Dias da Cruz, e o samba Amei Demais, de Cyro de Souza e J.M. da Silva. Já em 1948, sob a direção de Chianca de Garcia, apareceu como vedete na revista Um Milhão de Mulheres, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Tornou-se então a vedete mais famosa da Praça Tiradentes. Por 4 anos seguidos emplacou diversas revistas em parceria com o produtor Walter Pinto. Durante a temporada de Seu Gegê Virgínia Lane recebeu o título de “A Vedete do Brasil”, dado pelo Presidente Getúlio Vargas.
No auge da febre do Teatro de Revista levou para a televisão o formato do teatro de variedades com o programa Espetáculos Tonelux, na TV Tupi carioca, dirigida por Mário Provenzano.
Virgínia fez sucesso também no cinema, em diversos filmes na Cinédia e na Atlântida, como Laranja da China (1940), de Ruy Costa, e Carnaval no Fogo (1949), de Watson Macedo. Participou de várias comédias carnavalescas cantando seus sucessos e contracenando com Oscarito, Grande Otelo e Zé Trindade.
Em 2005/2006 fez parte do elenco na novela Belíssima, da TV Globo, ao lado de outras ex-vedetes, como Carmem Verônica, Íris Bruzzi, Ester Tarcitano, Lady Hilda, Teresa Costello, Dorinha Duval, Anilza Leoni, Rosinda Rosa, Lia Mara, entre outras.
Virgínia Lane participou de 37 filmes, e chegou a montar sua própria companhia para levar o teatro de revista a diversas regiões do Brasil.
Segundo contou em algumas entrevistas, Virgínia teve um relacionamento amoroso durante 10 anos com o ex-presidente Getúlio Vargas . Chegou a dizer que "a barriguinha dele atrapalhava, mas que tudo se resolvia na horizontal".
Morreu na tarde de 10 de fevereiro de 2014 de falência múltipla dos órgãos no CTI do Hospital São Camilo, onde estava desde 6 de fevereiro, após a piora no quadro de infecção urinária, causa da internação em 2 de fevereiro.
Foi casada duas vezes, a primeira em 1952 com Sérgio Kröeff e a segunda em 1970. Deixou uma única filha, do segundo casamento, Marta Santana.

Trabalhos no cinema

  • 1935 Alô, Alô, Brasil - Vedete
  • 1936 Alô, Alô, Carnaval - Vedete
  • 1939 Banana-da-Terra
  • 1939 Está Tudo Aí
  • 1940 Céu azul
  • 1940 Laranja-da-China
  • 1941 Entra na Farra
  • 1943 Samba em Berlim
  • 1949 Carnaval no Fogo - Dalva
  • 1951 Anjo do Lodo - Lúcia (Primeiro nú em um filme nacional) 
  • 1952 É Fogo na Roupa
  • 1952 Está com Tudo
  • 1952 Tudo Azul
  • 1955 Carnaval em Marte
  • 1956 Guerra ao Samba - Tetê
  • 1956 Tira a mão daí!
  • 1958 Vou Te Contá
  • 1959 Mulheres à Vista - Gil
  • 1959 Quem Roubou Meu Samba? - Sônia
  • 1960 O Viúvo Alegre - Marah
  • 1960 Vai que É Mole
  • 1962 Bom Mesmo É Carnaval
  • 1975 Os Pastores da Noite
  • 1977 A Árvore dos Sexos
  • 1998 Vox Populi

Trabalhos na televisão