O ator e diretor José Wilker morreu, aos 67 anos, na madrugada deste
sábado (5) no Rio. Ele sofreu um infarto. Wilker ficou conhecido por
trabalhos marcantes em novelas como "Roque Santeiro", em que interpretou
o personagem-título, e "Senhora do destino", em que interpretou o
bicheiro Giovanni Improtta. No cinema, fez filmes como "Bye bye Brasil" e
viveu o Vadinho de "Dona Flor e seus dois maridos".
Wilker morreu no apartamento da namorada, Claudia Montenegro, em
Ipanema, Zona Sul. Segundo o produtor e amigo Cláudio Rangel, o velório
está previsto para começar às 23h30 deste sábado, de acordo com a
liberação do corpo, e seguirá até as 15h de domingo (6), aberto ao
público. A cremação será no Memorial do Carmo, no Caju, às 18h.
Sua última participação em novelas foi em 2013, em "Amor à vida", de
Walcyr Carrasco, no papel do médico Herbert. Em 2012, ele foi o coronel
Jesuíno no remake de "Gabriela", baseada no livro "Gabriela Cravo e
Canela", de Jorge Amado. Na versão original, exibida em 1975, havia
feito Mundinho Falcão. Na TV Globo, participou de quase 30 novelas.
Começo
José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1946 e se mudou com a família, ainda criança, para o Recife. A mãe, Raimunda, era dona de casa, e o pai, Severino, caixeiro viajante.
José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1946 e se mudou com a família, ainda criança, para o Recife. A mãe, Raimunda, era dona de casa, e o pai, Severino, caixeiro viajante.
O primeiro trabalho de Wilker foi com apenas 13 anos, como figurante no
teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife. "Ficava por ali aguardando
alguma ponta", lembrou ele em depoimento ao site Memória Globo. A aparição inicial foi como cobrador de jornal na peça "Um bonde chamado desejo", de Tennessee Williams.
Sua carreira no teatro começou no Movimento de Cultura Popular (MCP) do
Partido Comunista, onde dirigiu espetáculos pelo sertão e realizou
documentários sobre cultura popular.
Em 1967, Wilker se mudou para o Rio para estudar Sociologia na PUC, mas
abandonou o curso para se dedicar exclusivamente ao teatro.
Em 1970, após ganhar o prêmio Molière de Melhor Ator pela peça "O
arquiteto e o imperador da Assíria", foi convidado pelo escritor Dias
Gomes o para o elenco de "Bandeira 2" (1971), sua primeira novela. Seu
personagem foi Zelito, um dos filhos do bicheiro Tucão (Paulo Gracindo).
"Eu fazia teatro há dez anos, não tinha nada. Uma semana depois de
estar no ar, eu era um cara com uma conta no banco, identidade,
residência fixa e reconhecimento na rua. A resposta era muito imediata,
intensa. Acabei gostando", afirmou Wilker ao Memória Globo.
Ele interpretou o seu primeiro papel principal na TV em 1975: foi
Mundinho Falcão em "Gabriela", adaptação de Walter George Durst do
romance de Jorge Amado, um marco na história da teledramaturgia
brasileira.
Personagens conhecidos
Wilker tem em seu currículo personagens memoráveis, como o jovem Rodrigo, protagonista da novela "Anjo mau" (1976), de Cassiano Gabus Mendes.
Wilker tem em seu currículo personagens memoráveis, como o jovem Rodrigo, protagonista da novela "Anjo mau" (1976), de Cassiano Gabus Mendes.
Em 1985, viveu Roque Santeiro, personagem central da trama homônima
escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Em 2004 interpretou o
ex-bicheiro Giovanni Improtta, de "Senhora do destino", de Aguinaldo
Silva, um personagem com diversos bordões como “felomenal” e “o tempo
ruge, e a Sapucaí é grande”.
O artista dirigiu o humorístico "Sai de baixo" (1996) e as novelas
"Louco amor" (1983), de Gilberto Braga, e "Transas e caretas" (1984), de
Lauro César Muniz. Durante uma rápida passagem pela extinta TV
Manchete, acumulou direção e atuação em duas novelas: "Carmem" (1987),
de Gloria Perez, e "Corpo santo" (1987), de José Louzeiro.
Apaixonado pelo cinema, o ator participou de filmes como "Xica da
Silva" (1976) e "Bye bye Brasil" (1979), ambos de Cacá Diegues, "Dona
Flor e seus dois maridos" (1976) e "O homem da capa preta" (1985). Fez
ainda o personagem Antônio Conselheiro em "Guerra de Canudos" (1997), de
Sérgio Rezende. Além disso, foi diretor-presidente da Riofilme.
Wilker também se destacou em minisséries como "Anos rebeldes" (1992),
de Gilberto Braga; "Agosto" (1993), adaptada da obra de Rubem Fonseca; e
"A muralha" (2000), escrita por Maria Adelaide Amaral e João Emanuel
Carneiro.
Em 2006, interpretou o presidente Juscelino Kubitschek na minissérie "JK", de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.
O artista ainda escreveu textos para revistas e jornais e comentou a
cerimônia do Oscar durante vários anos, para a TV Globo e para a
GloboNews.
José Wilker deixa duas filhas. Mariana, com a atriz Renée de Vielmond, e
Isabel, com a também atriz Mônica Torres. No Facebook, Isabel escreveu uma declaração
para o pai e agradeceu as mensagens de apoio: "Só tenho amor, muito
amor, e agora saudades, sempre. Obrigada a todos pelo carinho", postou,
junto com uma foto.
Fonte: G1 - Veja mais no JOSÉ WILKER - Infográfico:
http://g1.globo.com/pop-arte/jose-wilker/infografico/platb/