sábado, 4 de outubro de 2014

HUGO CARVANA, ator, 77 anos

O cineasta e ator Hugo Carvana morreu neste sábado (4) aos 77 anos no Rio. De acordo com o hospital em que Carvana estava internado desde o último domingo (28), em Botafogo, na Zona Sul, ele teve complicações causadas por um câncer no pulmão.
O velório será neste domingo (5) a partir das 9h, no Parque Lage, no Jardim Botânico. O corpo será cremado na segunda-feira (6), em cerimônia fechada para a família no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária.
Ao longo da carreira, iniciada em 1955, Hugo Carvana ficou marcado por retratar o típico "malandro carioca" em suas comédias de costumes. Foi ator de mais de 50 filmes. Dentre as produções que dirigiu, estão "Vai trabalhar, vagabundo" (1973), "Se segura, malandro" (1977), "Bar Esperança, o último que fecha" (1982), "O homem nu" (1996), "Casa da mãe Joana" (2007) e "Não se preocupe, nada vai dar certo" (2009).
"Ele não era somente um ator extraordinário, mas diretor, um intelectual que pensava o Brasil. É uma coincidência triste: Carvana era como José Wilker, um autor, pensava as coisas do Brasil, do cinema, tinha interesse grande pelo estado do mundo”, disse o cineasta e grande amigo Cacá Diegues, lembrando a morte do também ator e diretor José Wilker, em 5 de abril passado
Homenagem no Festival do Rio
No último sábado (27), o Festival do Rio realizou uma sessão especial de "Vai trabalhar, vagabundo", com cópia restaurada. Os quatro filhos de Hugo Carvana – todos com a jornalista e agora viúva Martha Alencar – estavam presentes: Júlio, Cacala, Rita e Pedro Carvana. Devido à saúde debilitada, o cineasta não pôde comparecer.
"Em nome da família a gente quer agradecer às manifestações dos amigos. O Carvana é um e diretor fundamental para nossa cultura. O Carvana lutou o quanto pode e essa semana infelizmente ele partiu. A homenagem do Festival do Rio foi uma benção. Recuperaram o negativo do primeiro filme dele dirigido em 54. O filme vai passar amanhã [domingo] em Guadalupe. É uma bela homenagem a ele. Ele estava muito feliz com essa edição do festival", disse Julio Carvana, um dos filhos, no hospital.
Na TV Globo, atuou também em novelas como "Corpo a corpo" (1984), "Roda de fogo" (1986), "O dono do mundo" (1991), "De corpo e alma" (1992), "Fera ferida" (1993), "Celebridade" (2003) e "Paraíso tropical" (2007). Um de seus papéis mais conhecidos foi o do repórter policial Valdomiro Pena, do seriado "Plantão de polícia" (1979-1981).

Seu último trabalho como diretor foi "Casa da mãe Joana 2" (2013). Como ator, fez parte do elenco de "Giovanni Improtta" (2013), de José Wilker.

Hugo Carvana nasceu no dia 4 de julho de 1937, filho da costureira Alice Carvana de Castro e do comandante da Marinha Clóvis Heloy de Hollanda. Era "um ilustre suburbano de Lins de Vasconcelos, que nunca renegou sua origem simples", conforme destaca o perfil no site oficial. O texto reforça que o ator e diretor ficou marcado em sua trajetória por ter "um quê de malandragem".
Na juventude, para conseguir entrar no estádio e torcer pelo Fluminense, costumava se disfarçar de vendedor de balas e ambulante. "Figura obrigatória nas mesas dos bares da noite carioca, cultivou amizade com grandes nomes da boemia e das artes – Roniquito, Ary Barroso, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, foram alguns", diz o perfil.
"Através dessa vivência criou personagens que povoam o universo carioca, como o malandro Dino em 'Vai trabalhar vagabundo'." A primeira vez em que viveu esse tipo de personagem foi em "O capitão Bandeira contra o dr. Moura Brasil" (1970), de Antônio Calmon.

B I O G R A F I A:

 Hugo Carvana de Hollanda (Rio de Janeiro, 4 de junho de 1937Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2014) foi um ator e diretor de cinema e televisão brasileiro. O ator tornou-se conhecido do grande público na televisão interpretando personagens notáveis, como o jornalista do seriado Plantão de Polícia, "Valdomiro Pena", nos anos 80, embora não escondesse sua paixão pelo cinema.

Carreira

Início e consagração

Hugo Carvana trabalhou em mais de cem filmes, desde a época em que começou, participando de algumas produções como figurante, por volta do ano de 1955, nas chanchadas da Atlântida. Passando no inicio da década de 60 por seu primeiro papel de destaque em Esse Rio que eu amo, atuando ao lado de Agildo Ribeiro e Tônia Carrero. Até os sucessos de Bar Esperança e O Homem Nu, como diretor. Em 1962, fez parte do movimento do Cinema Novo. Além disso, atuou também no Teatro de Arena de São Paulo, no Teatro Nacional de Comédia e no Grupo Opinião. Em 1975, Carvana é convidado pelo diretor Daniel Filho, com quem já havia trabalhado em alguns filmes, a participar de sua primeira novela, Cuca Legal.
Em vários filmes interpretou a imagem do malandro carioca, tendo estreado na direção com Vai trabalhar, vagabundo, no ano de 1973, filme no qual também atuou.

Diretor subestimado

O ator também foi um diretor subestimado no cinema nacional devido ao uso abundante de tomadas externas e em locais públicos (trens, ônibus, praças, ruas etc.) de seus filmes, mostrando o trabalhador, o pobre na sua condição mais crua, muitas vezes até atuando diretamente com o público, que aparece como é, sem a necessidade de figurantes, o que nos deixa ter uma ótima noção dos costumes do Rio de Janeiro da década de 1970.
Nos seus filmes iniciais, ele expunha o cotidiano do carioca, abria espaço para uma crítica mais concreta, principalmente em seu segundo filme Se Segura, Malandro!, que foi rodado no governo Geisel. Tal filme, se tornou possível devido ao momento político vivido em 1978, quando a produção foi lançada, um ano antes da anistia.
Cquote1.svg O humor, hoje, é moda. E se amanhã sair de moda, eu vou continuar fazendo humor. É uma devoção. Só consigo me olhar sob esse viés
da alegria, da brincadeira, da ironia. Estou preso a essa bolha da alegria, e de dentro dela não pretendo sair.
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Hugo Carvana, em 2011

Vida pessoal

Hugo Carvana nasceu no subúrbio da zona norte do Rio de Janeiro, mais especificamente em Lins de Vasconcelos, filho de uma costureira e de um comandante da Marinha Mercante. Era casado com a jornalista Martha Alencar e pai de Pedro, Maria Clara, Júlio, e Rita, já adultos.

Morte

No dia 4 de outubro de 2014, por volta do meio-dia, Hugo Carvana faleceu aos 77 anos, decorrente de câncer de pulmão. Em 1996 já havia descoberto a mesma doença no mesmo órgão, mas já em junho de 1997 havia se recuperado.

Cronologia

Televisão

Cinema

Como diretor

Como ator

Prêmios

  • Kikito de Ouro de melhor ator, no Festival de Gramado, por Vai trabalhar vagabundo 2 - a volta (1991).
  • Troféu Candango de melhor Ator no Festival de Brasília, por Vai trabalhar vagabundo 2 - a volta (1991).
  • Kikito de Ouro de melhor roteiro, no Festival de Gramado, por Bar Esperança (1983).
  • Kikito de Ouro de melhor filme, no Festival de Gramado, por Vai trabalhar vagabundo (1973).