Uma das mais
importantes vedetes do cinema e do teatro do Brasil, Virginia Lane
morreu às 16h50m desta segunda-feira, no Hospital São Camilo, em Volta
Redonda, no Sul Fluminense. Ela estava internada havia nove dias no
Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Segundo Marta Sampaio, única filha
da ex-vedete, Virginia teve falência múltipla dos órgãos após sofrer de
uma forte infecção urinária.
–
Há cinco anos, minha mãe separou a roupa com que ela desejava ser
enterrada: coroa, maiô, meia, strass e muitas plumas, ou seja,
caracterizada de vedete. Ela já tinha dito que não queria flores no seu
caixão e ninguém chorando no seu velório – disse Marta, que morava com a
mãe na cidade de Piraí.
A família informou que o corpo de
Virginia Lane deverá ser velado na Câmara Municipal de Piraí e depois
levado para o Teatro João Caetano, no Centro do Rio. O enterro será no
Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. O prefeito de Pirai, Luiz Antônio
Neves (PSB), decretou luto de três dias na cidade.
Virginia
participaria da abertura oficial do carnaval do Rio de Janeiro, na
Cinelândia, no próximo dia 28 de fevereiro, data em que completaria 94
anos.
Nascida Virginia Giaccone em 28 de fevereiro de 1920, ela
começou cedo na carreira artística: aos 15, cantava no programa "Garota
Bibelô", da rádio Mayrink Veiga, comandado por César Ladeira; aos 18, já
atuava no cinema; aos 23, passou a integrar o elenco do Cassino da
Urca, onde cantou e dançou à frente de orquestras como a de Carlos
Machado e Benny Goodman.
A atribulada agenda artística não a
impediu a seguir com os estudos. Interna do Colégio Regina Coeli dos
seis aos 14 anos, passou pelo Instituto Lafayette, em Botafogo, e chegou
a cursar o primeiro ano da faculdade de Direito.
O auge de sua
carreira foi na década de 1950. Ao todo, participou de mais de 30 filmes
como "Laranja da China", de Ruy Costa, e "Carnaval no Fogo", de Watson
Macedo, além de contracernar com nomes como Oscarito, Grande Otelo e Zé
Trindade.
Sua carreira também foi prolífica nas peças do teatro de
revista. Virginia foi uma das artistas de maior prestígio durante o
governo de Getúlio Vargas, de quem recebeu, em mãos, a faixa que acabou
se tornando seu título: "Vedete do Brasil". Ela mesma afirmava que teve
um caso com o então presidente durante uma década.
Já famosa como vedete do teatro de revista, Virginia Lane gravou em 1951, a marchinha "Sassaricando", de Luis Antônio.
Inspiração
para a novela "Locomotivas", de 1977, a primeira a ser exibida a cores
no horário das 19h na TV Globo, a ex-vedete integrou, em 2005, ao lado
de outras ex-vedetes, o elenco da novela "Belíssima", da TV Globo. Ela
voltou a aparecer em uma atração da emissora dois anos depois, em "Sete
pecados".
Virginia foi casada duas vezes. Em 1970, com o segundo
marido, passou a morar em um sítio em Piraí, no Rio de Janeiro, onde
fixou residência para encurtar o caminho para São Paulo, onde gravava o
programa "Show de calouros", de Silvio Santos, como jurada. Na cidade, a
ex-vedete chegou a ocupar o cargo de Secretária de Turismo.
Em
2002, sofreu um acidente de carro que lhe obrigou a colocar pinos em
suas pernas, outrora consideradas as mais bonitas do Brasil.
A
ex-vedete recebeu a última homenagem em vida no dia 25 de janeiro deste
ano, quando foi eleita a Imperatriz do Amazônia, em Belém, no Pará.
B I O G R A F I A:
Virgínia Lane, nome artístico de Virgínia Giaccone (Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1920 — Volta Redonda, 10 de fevereiro de 2014), foi uma atriz, cantora e vedete brasileira.
Nasceu no bairro do Estácio,
zona norte do Rio de Janeiro. Em 1935, começou sua carreira como
cantora no programa Garota Bibelô, na rádio Mayrink Veiga, de César
Ladeira. Sua estreia no elenco do Cassino da Urca se deu em 1943, quando
atuou como cantora e dançarina à frente das orquestras de Carlos
Machado, Tommy Dorsey e Benny Goodman.
Seu primeiro disco pela Continental foi lançado, em 1946, com a
marcha Maria Rosa, de Oscar Bellandi e Dias da Cruz, e o samba Amei
Demais, de Cyro de Souza e J.M. da Silva. Já em 1948, sob a direção de
Chianca de Garcia, apareceu como vedete na revista Um Milhão de
Mulheres, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Tornou-se então a
vedete mais famosa da Praça Tiradentes. Por 4 anos seguidos emplacou
diversas revistas em parceria com o produtor Walter Pinto. Durante a
temporada de Seu Gegê Virgínia Lane recebeu o título de “A Vedete do
Brasil”, dado pelo Presidente Getúlio Vargas.
No auge da febre do Teatro de Revista levou para a televisão o
formato do teatro de variedades com o programa Espetáculos Tonelux, na
TV Tupi carioca, dirigida por Mário Provenzano.
Virgínia fez sucesso também no cinema, em diversos filmes na Cinédia e
na Atlântida, como Laranja da China (1940), de Ruy Costa, e Carnaval no
Fogo (1949), de Watson Macedo. Participou de várias comédias
carnavalescas cantando seus sucessos e contracenando com Oscarito,
Grande Otelo e Zé Trindade.
Em 2005/2006 fez parte do elenco na novela Belíssima, da TV Globo, ao
lado de outras ex-vedetes, como Carmem Verônica, Íris Bruzzi, Ester
Tarcitano, Lady Hilda, Teresa Costello, Dorinha Duval, Anilza Leoni,
Rosinda Rosa, Lia Mara, entre outras.
Virgínia Lane participou de 37 filmes, e chegou a montar sua própria companhia para levar o teatro de revista a diversas regiões do Brasil.
Segundo contou em algumas entrevistas, Virgínia teve um relacionamento amoroso durante 10 anos com o ex-presidente Getúlio Vargas . Chegou a dizer que "a barriguinha dele atrapalhava, mas que tudo se resolvia na horizontal".
Morreu na tarde de 10 de fevereiro de 2014 de falência múltipla dos órgãos no CTI do Hospital São Camilo, onde estava desde 6 de fevereiro, após a piora no quadro de infecção urinária, causa da internação em 2 de fevereiro.
Foi casada duas vezes, a primeira em 1952 com Sérgio Kröeff e a
segunda em 1970. Deixou uma única filha, do segundo casamento, Marta
Santana.
Trabalhos no cinema
- 1935 Alô, Alô, Brasil - Vedete
- 1936 Alô, Alô, Carnaval - Vedete
- 1939 Banana-da-Terra
- 1939 Está Tudo Aí
- 1940 Céu azul
- 1940 Laranja-da-China
- 1941 Entra na Farra
- 1943 Samba em Berlim
- 1949 Carnaval no Fogo - Dalva
- 1951 Anjo do Lodo - Lúcia (Primeiro nú em um filme nacional)
- 1952 É Fogo na Roupa
- 1952 Está com Tudo
- 1952 Tudo Azul
- 1955 Carnaval em Marte
- 1956 Guerra ao Samba - Tetê
- 1956 Tira a mão daí!
- 1958 Vou Te Contá
- 1959 Mulheres à Vista - Gil
- 1959 Quem Roubou Meu Samba? - Sônia
- 1960 O Viúvo Alegre - Marah
- 1960 Vai que É Mole
- 1962 Bom Mesmo É Carnaval
- 1975 Os Pastores da Noite
- 1977 A Árvore dos Sexos
- 1998 Vox Populi
Trabalhos na televisão
- 1978 - Os Trapalhões - Ela Mesma
- 2007 - Sete Pecados - ex-vedete (amiga de Corina)
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