O corpo do deputado será levado às 22h do hospital Santa Lúcia para ser velado no Salão Negro da Câmara, por pelo menos duas horas. Depois, será levado para São Paulo, onde deve ser velado na Assembléia Legislativa. O enterro deve ser no Cemitério do Morumbi, em São Paulo. O horário ainda não está definido, segundo a assessoria do deputado.
Durante a manhã desta terça-feira, Clodovil passou por exames que ajudaram a detectar a morte cerebral. O primeiro exame feito deu resultado "inconclusivo", segundo assessores do deputado. A assessoria do deputado informou então que novos médicos iriam avaliar o estado clínico do parlamentar e um novo boletim seria divulgado às 16h pelo hospital.
De acordo com os médicos, a córnea, a íris, o fígado e o coração do deputado devem ser retirados para doação. Pelos cálculos do hospital, a cirurgia para retirada de todos esses órgãos deve durar cerca de cinco horas. A assessora de imprensa do deputado, Berta Pellegrino, disse que Clodovil havia manifestado várias vezes a intenção de doar seus órgãos quando morresse.
Um dos mais famosos estilistas e apresentadores do Brasil, Clodovil Hernandes foi o terceiro deputado federal mais votado do País nas eleições de 2006, com 493.951 votos. Morto hoje, aos 71 anos, em consequência de um acidente vascular cerebral (AVC), Clodovil concluiu uma biografia que teve na polêmica uma das principais marcas registradas. Filho de pais adotivos, nasceu em 1937, na cidade de Elisário, interior de São Paulo. Aos 20 anos, se mudou para a capital paulista e logo se firmou como costureiro das celebridades, entre elas Elis Regina, Cacilda Becker e as famílias Diniz e Matarazzo. Na década de 1990, passou a se dedicar somente à televisão, comandando programas como o "TV Mulher", na Rede Globo, junto com Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra do Turismo. Clodovil passou também pelas redes Manchete, Gazeta e RedeTV.
Eleito pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC-SP), Clodovil deixou a legenda em 2007 para integrar os quadros do Partido da República (PR-SP). Acusado de infidelidade partidária, foi absolvido por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na quinta-feira passada.
Foi conhecido principalmente por seu caráter polemizador, e por declarações consideradas impróprias ou indelicadas, muitas vezes dirigidas a outras personalidades famosas. Entre outras polêmicas, estão acusações de racismo e antissemitismo.
Com mais de quarenta anos trabalhando na televisão, foi apresentador de inúmeros programas em diversas emissoras. Após sua demissão da emissora RedeTV! em 2005, criticou sua antiga emissora assim como outras pessoas que nela trabalhavam e perdeu espaço na televisão brasileira.
Clodovil Hernandes nasceu no interior de São Paulo e foi adotado por um casal de imigrantes espanhóis (Domingo Hernández e Isabel Sánchez), nunca tendo conhecido seus verdadeiros pais. Foi educado em colégio interno por padres católicos. Falava francês e castelhano, além do português. Nos anos 60 ganhou fama como estilista de alta costura, mantendo uma "rivalidade" com Dener.
Início da carreira artística
Clodovil formou-se professor, mas ainda jovem se tornou um estilista conhecido no país e logo passou a trabalhar também na televisão, na qual já acumula mais de 45 anos de carreira em quase todas as emissoras de TV do país. Ficou famoso em 1976, ao ganhar o prêmio máximo no programa "8 ou 800?", apresentado por Paulo Gracindo, ao responder perguntas sobre Dona Beja.
No início dos anos 80, apresentou na Rede Globo o programa feminino TV Mulher, considerado revolucionário na época, ao lado da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, então uma sexóloga.
Em 1992, apresentou o programa Clodovil Abre o Jogo, da extinta Rede Manchete.
Como premiado figurinista de teatro, Clodovil também já trabalhou como ator e possui registro como cantor.
Em maio de 2001, Clodovil estreou no comando do programa Mulheres (TV Gazeta), ao lado de Christina Rocha. Polêmico como sempre, Clodovil fazia críticas à colega, ao vivo. Após alguns meses, a parceria foi desfeita, e Clodovil passou a comandar um talk-show nas noites da TV Gazeta, durante as quais preparava receitas para receber seus convidados.
Programas
TV Mulher (Rede Globo)
Clodovil Abre o Jogo (Rede Manchete)
Clô para os Íntimos (Rede Manchete)
Clodovil Soft (Rede Bandeirantes}
Clodovil em Noite de Gala (CNT)
A Casa é Sua (Rede TV!)
Mulheres (TV Gazeta)
Por Excelência (TV JB)
Polêmicas na RedeTV!
Em 2004, já na RedeTV!, passou por uma fase polêmica devido ao desentendimento com integrantes do programa Pânico na TV. Um dos quadros do programa propunha que personalidades consideradas arrogantes pela equipe calçassem as "sandálias da humildade", e em certo momento Clodovil tornou-se o alvo dos humoristas. O apresentador se esquivou de duas investidas dos repórteres do Pânico. Na terceira tentativa, foi perseguido por dois carros, um helicóptero e um trio elétrico. Seguido desde os estúdios da emissora, em Barueri, na Grande São Paulo, o veículo do apresentador foi fechado no meio da Marginal Pinheiros, e acabou por escapar. No dia seguinte à apresentação de todo o incidente no Pânico, Clodovil fez um desabafo ao vivo em seu próprio programa, A Casa é Sua, que apresentava desde 2003. Em seguida, abandonou os estúdios da RedeTV! com o programa em pleno ar. Dois dias depois, foi demitido da emissora. Em abril de 2007, Clodovil voltou à televisão com o programa "Por Excelência", na TV JB (o nome do programa faz referência à sua então condição de deputado federal). Foi demitido novamente por causa de alguns problemas de saúde.
Acusação de racismo
Em 2004, durante o programa A Casa é Sua, Clodovil chamou a vereadora Claudete Alves de "macaca de tailleur metida a besta". A vereadora entrou com uma queixa-crime e o apresentador respondeu por dois processos criminais no Tribunal de Justiça de São Paulo. Clodovil alegou em sua defesa que a palavra "macaca" foi usada com o intuito de demonstrar que a vereadora "gostava de aparecer", e não com conotação racista. O apresentador, porém, foi condenado a pagar indenização por danos morais.
Acusação de antissemitismo e novamente de racismo
Clodovil utiliza de um discurso muitas vezes sem coerência, misturando ficção com realidade, e faz questão de divulgar o que, sem uma estrutura lógica, dificilmente poderia ser chamada de 'opinião'; como consequência, se vê como réu em processos por danos morais.
Em uma entrevista à Rádio Tupi, em 27 de outubro de 2006, Clodovil declarou que os judeus teriam manipulado o Holocausto e forjado o atentado de 11 de setembro contra o World Trade Center. Na mesma entrevista, referiu-se a um negro como "crioulo cheio de complexo". Para suportar suas opiniões, disse à rádio carioca que existe um "poder escuso, que está no subsolo das coisas". Segundo o apresentador, "As pessoas são induzidas a acreditar. Quando houve aquele incidente com as torres gêmeas lá não tinha americano nenhum e nem judeu".
O presidente da Federação Israelita do Rio, Osias Wurman declarou-se indignado com as declarações, sobretudo por virem de uma pessoa advinda de uma minoria que também sofre preconceito. Wurman entrou com uma interpelação judicial contra Clodovil, acusando-o de racista, além de enviar cópias do áudio da entrevista à Secretaria Estadual de Direitos Humanos, a deputados estaduais e a organizações não-governamentais ligadas ao movimento negro.
Carreira política
Em 2006 entrou para a política após candidatar-se e eleger-se deputado federal pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), possuindo inclusive o terceiro maior número de votos em São Paulo, estado por onde se candidatou. Usou bastante ironia em sua campanha, como a frase: "Vocês acham que eu sou passivo? Pisa no meu calo para você ver..."Tornou-se então o primeiro homossexual assumido a ser eleito deputado federal.Apesar disso, declara-se contra a Parada do Orgulho GLBT, o casamento gay e o movimento homossexual brasileiro.
Em setembro de 2007 o deputado decidiu trocar de partido e filiou-se ao Partido da República (PR), correndo desde então o risco de perder o mandato por infidelidade partidária, pois o TSE decidiu no dia 27 de março de 2007, que o mandato pertence ao partido e não ao eleito. No entanto, em 12 de março de 2009, foi absolvido por unamidade dos votos Clodovil deixou o partido alegando ter sido abandonado pela legenda desde a eleição, quando não recebeu material de campanha, e posteriormente, quando não recebeu assessoria jurídica do partido. Devido a isso, os ministros do TSE concordaram que houve perseguição interna, uma das condições que permitem que o parlamentar troque de legenda.
Polêmica com a deputada Cida Diogo
Em 2007, se envolveu em nova polêmica no Congresso, após discutir com a deputada Cida Diogo, do PT do Rio de Janeiro. A discussão iniciou por conta das declarações de Clodovil de que "as mulheres ficaram muito ordinárias, ficaram vulgares, cheias de silicone" e ainda que atualmente "as mulheres trabalham deitadas e descansam em pé". Ao ser questionado pela deputada quanto à declaração, respondeu: "Digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é uma mulher feia"
Proposta de emenda constitucional
Em julho de 2008, apresentou proposta de emenda constitucional pretendendo reduzir o número de deputados de 513 para 250
Morte
Clodovil Hernandes morreu em 17 de março de 2009, após ser registrada sua morte cerebral causada por um acidente vascular cerebral (AVC). O velório ocorrerá no Salão Negro da Câmara dos Deputados do Brasil e o sepultamento terá lugar no dia seguinte à morte no Cemitério do Morumbi na capital paulista.
Foi deputado federal desde 2006 até sua morte.
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